Irmandade de São Benedito do Rosário
Histórico
Desde o período colônia a sociedade brasileira vive a dicotomia entre dominação e resistência, isso graças à seu dinamismo, o movimento em seu interior que leva indivíduos a descobrirem brechas nas micro estruturas de poder, a formular estratégias de resistência e diferentes formas de lidar com a regras sociais. Nos contatos, encontros e ações as Irmandades contribuíram para inovar as formas de relacionar na sociedade brasileira. Um destes encontros controversos mas muito populares são as procissões, fincadas de mastro e eventos das Irmandades que atraem grandes multidões e se firmaram como característica própria da cultura popular tradicional brasileira.
Também destaca-se que sua forma de organização pode ter contribuído para as primeiras experiências de construção de identidades de pessoas negras de forma livre dentro de um sistema escravista. Isso pois as Irmandades admitiam negros em suas funções administrativas de alto nível, algumas irmandades, como a de Igarassu admite negros de qualquer nação, dando indícios de seu objetivo de incluir grupos negros dos mais diversos possíveis e, sendo, uma entidade de auxílio social, todos os negros associados passavam a ter os ‘mesmos direitos’ que outras pessoas brancas, como um funeral digno, auxílio na doença e na hora da morte e até mesmo outras formas de auxílio que fossem deliberadas pela diretora da entidade, são comuns os relatos de arrecadação de fundos para comprar cartas de alforria e para libertar outros negros, por exemplo.
A Irmandade de São Benedito do Rosário da Igreja do Rosário segue ativa, organizando eventos e procissões anuais pelas ruas do Centro Histórico, um deles no dia 27 de dezembro, comemorando a procissão de São Benedito do Rosário, mantendo vivas as práticas culturais e religiosas ligadas à comunidade negra de Vitória.
Philarmônica Rosariense
Tradição da cultura negra do Brasil colonial, as bandas de barbeiros carregam consigo elementos de conhecimento advindos de sistemas simbólicos negros.
A Irmandade mantém, desde sua criação, a Philarmônica Rosariense, uma típica banda de barbeiro, com centenas de anos de existência e um vasto acervo, composto por centenas de páginas de partituras, além de instrumentos musicais que acumulam séculos de conhecimento musical, ao mesmo tempo em que se mantém a transmissão desse saber.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário
Centro de Vitória, Espírito Santo
Histórico e Construção
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, localizada no centro histórico de Vitória, Espírito Santo, tem sua construção iniciada em setembro de 1765 e foi concluída em dois anos, contando com a mão de obra de negros livres e escravizados. Situada na encosta do Morro do Pernambuco, a igreja foi edificada em um terreno doado, tornando-se um símbolo da fé e da resistência da população negra da região.
Arquitetura e Características
Construída em pedra e cal, a igreja preserva sua estrutura original, destacando-se por sua fachada colonial adornada com um frontão barroco. Seu interior abriga elementos históricos e religiosos de grande valor, incluindo um cemitério localizado em um de seus corredores. Além disso, possuía uma "Casa de Leilão", um espaço utilizado para arrecadação de recursos destinados à alforria de escravizados, reforçando sua relevância histórica e social.
Tombamento e Reconhecimento
Em 24 de julho de 1946, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário foi tombada como Patrimônio Histórico Nacional e inscrita no Livro do Tombo Histórico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Esse reconhecimento garante sua preservação e valoriza sua importância para a história cultural e religiosa do Brasil.
Importância Cultural e Religiosa
Mais do que um templo religioso, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário é um marco histórico e cultural para os capixabas, simbolizando a memória e identidade da população afrodescendente no estado. Além de ser um ponto turístico e de peregrinação, a igreja continua sendo um espaço de fé e tradição mantida de pé no Centro Histórico de Vitória.